Meu filho é APLV, e agora?
- RODRIGO FERREIRA
- 1 de jul. de 2015
- 3 min de leitura

Nós mamães de alérgicos, sabemos o quanto é difícil adaptar a nova rotina para poder amamentar nossos anjos. O fato de não poder consumir leite de vaca, seus derivados e traços, torna nossa alimentação um tanto confusa. De uma hora para outra, temos que deixar de consumir alimentos que comíamos. Confesso que, quando recebi o diagnóstico que meu segundo filho era Alérgico a Proteína do Leita da Vaca, fiquei perdida, e até rejeitei essa ideia. Na verdade, não entendia muito o que era essa alergia. Alguns amigos e parentes chamavam de intolerância a lactose, o que está completamente equivocado, pois a lactose é o açúcar do leite e não a proteína.
Foram longos 8 meses até a descoberta da APLV, antes disso, a pediatra descartou a possibilidade que cheguei a cogitar, de ser, intolerância a lactose, pois eu nem conhecia a APLV. Quando levava meu pequeno nas consultas mensais, reclamava que não aguentava mais passar as noites em claro com ele chorando. A médica dizia que estava tudo bem com o bebê, e que eu rezasse para o anjinho da guarda dele, que iria passar, até rezei, rezei muito, e rezo até hoje, mas é claro que não passou. Contudo, procurei uma segunda opinião mesmo que tardiamente, e graças a Deus, fui muito bem orientada pela segunda pediatra, que o diagnosticou e esclareceu todas as dúvidas sobre a nossa nova rotina. Nesses 8 meses, passei noites em claro, com muito choro meu e de meu bebê e inquietações.
Só quem já passou por isso pode me entender, pois a APLV, entre outras reações, pode trazer dor abdominal, gazes, diarreia, refluxo, irritabilidade, sangue nas fezes com ou sem muco, baixo ganho de peso, assaduras. Reações essas denominadas de reações tardias que podem aparecer horas ou dias após a ingestão do leite, e essa foi a alergia do meu filho. E tem a reação imediata, a mais grave creio. Se manifestam em segundos ou 2 horas após a ingestão do leite, os sintomas principais são, urticárias, vermelhidão podendo associar coceira, inchaços dos olhos e lábios, vomito em jato, ou diarreia logo após a ingestão, choque anafilático, chiaço no peito e difícil respiração.
Quando a Dra. diagnosticou que meu filho era APLV, ele já estava comendo as papinhas, então questionou se eu gostaria de continuar amamentando, eu respondi que queria que meu bebê ficasse bem, que pudéssemos dormir, então decidimos iniciar a mamadeira de leite de soja. Foi o que ele tomou até seus 2 anos e meio, quando fizemos o enfrentamento. O primeiro não tivemos sucesso, foi uma frustração só. Toda aquela expectativa de melhora, de liberdade para alimentá-lo foi por água a baixo. Já na segunda tentativa, após 3 meses do primeiro enfrentamento, foi um sucesso, e uma alegria sem palavras para descrever o momento e os primeiros dias seguintes. Sem contar o medo de dar a ele alimentos com leite e passar por tudo de novo. Mas posso dizer que tivemos um final feliz.
Nesse período engravidei do meu terceiro bebê, e logo veio aquele fantasma do medo de ser alérgico também. E como temia, realmente minha pequena foi diagnosticada APLV. Como já conhecia os sintomas foi mais fácil perceber. E além de APLV, ela tem alergia a ovo, amendoim, cacau, ervilhas, carne vermelha e como se não bastasse a soja também. Se já era restrita alimentação, imagine agora. Hoje ela está com 6 meses e amamento exclusivamente, ou seja, a dieta de restrição é minha. Não é nada fácil montar um cardápio nutritivo e prático com toda essa restrição. Mas consegui! Depois de muitas receitas ruins, de dias ruins, de lágrimas, aprendi a conviver com todas essas restrições e a criar um cardápio novo e bem mais saudável.
Penso que as alergias de meus filhos, vieram para me ajudar a me alimentar melhor e a minha familia, e a querer compartilhar minhas experiências auxiliando no que for possível as mamães de APLV, e todos alérgicos que assim como eu, sabem o quanto precisamos de apoio, força e esclarecimento para enfrentar o problema. Pensando nisso, nasceu meu quarto filho a Dedo de Mãe, www.dedodemae.com.br, gerada com muita dedicação, pesquisa, responsabilidade, cuidado, amor e carinho, ou seja, muito dedo de mãe na realizaçao desse projeto.
Espero que gostem e aproveitem as dicas, receitas, papos abertos e produtos selecionados especialmente para nós APLV's, com todo cuidado e carinho que precisamos.
Beijinhos e até logo!
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